Leiria registou ontem 30 fogos
Perto de 350 bombeiros foram mobilizados ontem para o combate às chamas que eclodiram, sobretudo, nas regiões do Norte e Centro do País. Só no distrito de Leiria, eclodiram mais de 30 fogos, um dos quais consumiu 10 hectares de mato. Calor, vento e ausência de humidade, foram os ingredientes, "anómalos" nesta época do ano. O tempo quente vai continuar, pelo menos até amanhã.
O comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria, José Manuel Moura, explica ao DN o fenómeno: "as altas temperaturas, os ventos de Leste, muito secos, são condições que não ajudam ao combate dos fogos. Está na altura de alterarmos comportamentos de risco perante as alterações climáticas". São estas características, precisamente, que no Verão são mais temidas pelos bombeiros. Quanto às causas para tantas ignições, "compete às autoridades averiguar", diz.
Ameal era ontem uma aldeia sinalizada a vermelho no mapa da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Para esta aldeia do concelho de Castanheira de Pêra (Leiria) foi accionado o helicóptero estacionado na pista em Santa Comba Dão (Viseu). O fumo chegou à cidade de Coimbra, cobrindo-a com um inusitado manto cinzento. O fogo, que eclodiu às 12.33, mobilizou 156 bombeiros auxiliados por 39 veículos de Coimbra e Leiria. Quatro frentes de fogo em terreno íngreme foram vencidas e dadas como circunscritas ao fim de quatro horas. "Para esta época do ano, estamos a viver uma situação anómala, as alterações climáticas devem pôr-nos a pensar", sublinhou ao DN o comandante operacional do CDOS de Leiria.
Ao fim da tarde, outro local de risco: Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Ali, mato rasteiro era pasto das chamas que galgavam terreno com difíceis acessos, designadamente em Cela e Vila Nova (Montalegre). No distrito de Vila Real, as saídas de emergência dos bombeiros foram uma constante. Mais de cem bombeiros acudiram a nove incêndios em Montalegre, Chaves, Valpaços, Boticas, Vila Pouca de Aguiar, Peso da Régua e Vila Real.
De vigilância estavam também, ontem, 21 bombeiros em Mondim de Basto, devido à reactivação de um fogo que, desde sexta, queimou mato e pinhal, atingindo parte do Parque Natural do Alvão. No distrito de Braga, as chamas deram trabalho aos bombeiros em Vieira do Minho e Vila Verde. Com o arrefecimento nocturno, quase tudo findou. Mas, às 19 horas, foi detectado o terceiro foco do dia na Peneda-Gerês, em Pincães.
In Diário de Notícias, 04.11.2007
domingo, 4 de novembro de 2007
Um caso que não é apenas uma tragédia
Uma mãe matou uma menina de dois anos dentro da instituição para onde a criança tinha sido enviada pela Comissão de Protecção de Menores. E onde, manda a lógica, devia estar a ser protegida. Nomeadamente da mãe - que tinha perturbações psicológicas e já recusara várias vezes o internamento voluntário da criança.Um caso isolado, às vezes, é só um caso isolado. Uma loucura, azar ou acidente. Isso foi o que aconteceu à Fundação Zino, uma das mais prestigiadas do Funchal. Cumpriu a lei, permitindo as visitas que a mãe estava autorizada a fazer à criança. (Nestas circunstâncias essas visitas são legalmente incentivadas, assim como as demonstrações de afecto, como a oferta de doces ou alimentação.) E acabou no meio de uma tragédia. Mais uma vez, no dilema entre o direito da maternidade e o dever de proteger uma menor, a lei voltou a ter dificuldade em decidir pelo afastamento total de uma criança da sua mãe. É o que acontece muitas vezes, a maior parte delas sem resultados tão trágicos.Essa indecisão é a razão pela qual quase metade das 12 mil crianças que estão institucionalizadas vive nestes lares há mais de quatro anos, como dizem números divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Social. São números que deviam incentivar a um debate desapaixonado sobre esta matéria.
In Diário de Notícias, 4.11.2007
In Diário de Notícias, 4.11.2007
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